domingo, 15 de fevereiro de 2009

Eu, eu mesmo e Darlene

Por :Lucas Alves Miolla

Começou, para surpresa e martírio dos mais otimistas, a nona edição daquilo que é um verdadeiro assassínio neural. Aquele que aqui vos fala também já assistiu uma vez na vida ao tão comentado de sempre Big Brother Brasil, mas não pode deixar de condenar a si mesmo por se apegar a esse jogo de futilidades que só serve para afirmar a lei da moda efêmera.

Será que não somos nós mesmos que alimentamos o tão vazio princípio da fama nos atuais giros da sociedade? O Leão Lobo não me parece jornalista quando anuncia a matéria sobre os casamentos que não deram certo no mundo dos famosos. Não desmereço seu profissionalismo, mas sim a natureza do que é apresentado em seguida. Um verdadeiro mercado de besteiras. E é muito divertido!!

O intérprete do Halley é sedutor? A Déborah Secco tem um corpo de parar o trânsito? Nossa senhora! E chamem a Mãe Diná também! Mas paro para avaliar que eles têm essa beleza tão discernível não porque sejam realmente belos. Minha vizinha, na minha infância, se parecia muito com a Mônica do Maurício de Sousa. Mesmo assim ela não tinha uma revista própria, coitada. É a EVIDÊNCIA que nos deixa interessados na vida pessoal e nos segredos mais cabeludos das celebridades. É a evidência que deixa uma pessoa linda. Damas e mancebos compram as revistas almejando a beleza daquelas figuras, não pela beleza, mas tomando a perfeição física por objeto modal crítico para o alcance da FAMA.

Assim segue a vida ano após ano, e vestimos uma tendência, não uma camiseta rasgada, um jeans manchado e uma sandália muito esquisita. Imitamos os artistas, vemos neles referências que deveríamos ter em nós mesmos. Piramos porque tal artista rabiscou o nome no nosso bloquinho da credeal. E pior, se ficamos perto deles, quase desmaiamos num dramatismo próximo ao de Paola Bracho. Sentimo-nos ao lado de um marciano, quando na verdade estamos diante (apenas?) de um sortudo que saiu da decadente rotina classe média a que somos cruelmente aprisionados, e pôde experimentar a adrenalina de estar dentro da caixa de imagens e sons, vulgo TV. Depois que a evidência dessa pessoa acabar, é praquele couro que ele vai voltar. Acordar as 6h30, levar os filhos para estudar, ir trabalhar, almoçar uma coxinha passada, trabalhar, chegar em casa mais passado que a coxinha do pseudo-almoço, ver o jornal, a novela e ir dormir.

As estrelas não estão sempre com aquele bom humor irrestrito, munidas de tiradas inteligentes e “alegrifes” simpáticos que nos deixam animados o tempo todo. Elas também choram, enchem a cara, cagam (não, não depositam uma rosa) e fazem tudo quanto humanamente possível. A fama não é sinônimo de imunidade, embora os documentários da Rede Globo sobre artistas que se foram sempre omitam a forma desagradável do falecimento deles. Nos fazem pensar que vida de artista é um Olimpo.

De forma tosca (é rir para não chorar) adoramos essas pessoas. Gastamos tempo e dinheiro para torná-las ainda mais famosas. Até votamos no eliminado do paredão. E não ganhamos nada com isso. Precisamos de um pouco mais de autonomia e personalidade para não fazer das estrelas que vão e vêm a nossa referência PESSOAL. Só teremos começado esse processo de resistência quando resistirmos a um produto, mesmo que na campanha publicitária ele apareça na boca carnuda de Jolie.

Famosos são pessoas normais. A diferença é que ao lado de um produto, eles vendem. Você e eu, consumimos.



Lucas Alves Miolla
aluno do 3º termo da
Faculdade de Comunicação Social da Unoeste

2 comentários:

  1. Noossa! Sempre Miolla! Parabéns Fran, pela brilhante iniciativa de por um texto de um brilhante Jovem no seu blog!!

    O texto dispensa comentários!

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